quinta-feira, 18 de novembro de 2010

18. TEMA 13 - "CIÊNCIA SOCIAL OU LITERATURA?"

Caros Alunos,
Após examinar os textos: “As estruturas Elementares do Parentesco” de Claude Levy Strauss (disponível em:
http://blackboxaccess.com/signup/as_estruturas_elementares_do_parentesco.rar )
e “Dom Casmurro”, de Machado de Assis (disponível em:
 elabore uma resposta para a pergunta: "Ciência Social ou Literatura?" e envie para postagem até o dia 01 de dezembro.

EXAMINE O SEGUINTE MATERIAL:

http://www.youtube.com/watch?v=DHXc4kFy10A

26 comentários:

  1. Ao analisarmos a obra de Machado de Assis, percebemos como sua literatura tem o poder de expor com clareza a complexividade as relações inter-pessoais. Mesmo considerando o fato de a Literatura não ter o poder das Ciências Sociais, de produzir hipóteses que buscam a maior aproximação com a verdade, vemos que ela analisa temas que tem grande importância para as Ciências Sociais. Ou será que podemos desprezar as interações afetivas, matrimoniais e familiares em uma sociedade, ao estudar sociologia?
    Levi-Strauss ao chegar no Brasil encontra nos indígenas um objeto de estudos da cultura da sociedade primitiva, de caráter mitológico e religioso, para um fim antropológico.
    O estudo antropológico de Levi-Strauss se destaca por seu estudo em torno da estrutura patriarcal, sobre as relações existentes dentro da família.
    Em sua obra “As estruturas elementares do parentesco”, desenvolve a idéia de que a cultura não é sobreposta à vida e suas aplicações, hipótese de que o incesto seria um regra derivada da articulação entre a natureza e a cultura, dizendo que esta regra poderia ter natureza instintiva, proteção aos efeitos do casamento consangüíneo ou de caráter filosófico, puramente social.
    Porém para ele o problema não reside somente sobre qual seria a configuração histórica responsável por definir a proibição ao incesto, mas como essa regra tem o poder de disseminar-se por todas as sociedades ao longo do tempo.
    Com relação a este problema destaco um trecho de entrevista do autor, concedida à TV Brasil: “Desde o final do século 18 a civilização ocidental se conscientizou que por meio de seu poder, ela se espalhava por toda a Terra, ameaçando a existência de milhares de pequenas sociedades, cujas criações sociais, culturais, artísticas e religiosas eram essenciais para o patrimônio da humanidade. Tudo o que podemos esperar ou fazer é que através dessa síntese que está sendo construída, surjam novas diferenças capazes de ajudar a humanidade a permanecer criativa.”
    Este trecho refere-se ao que Levi-Strauss denomina de regime de “compenetração mútua”, na qual a sociedade se encaminha, que nos faz pensar o verdadeiro motivo de muitas regras que estão implantadas em nossa sociedade, e refletir sobre os meios como podemos analisá-las, seja através da própria sociologia, ou de outras formas, que na minha opinião devem servir apenas de auxílio, como a arte, literatura, religião e cultura.

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  2. Estudante de sociologia não deveria ser cego. Sociólogos têm uma linguagem própria, travada (Enfim, um lenga-lenga esdruxulento próprio da classe) com vocábulo inteligível apenas aos introduzidos em estágio avançado. Já escritores como Flaubert, Douglas Adams ou Clarice Lispector, mesmo com diferentes estilos tinham riquíssima sensibilidade para as descrições sociais, desnudando em prosa fina e elaborada anos e anos de pesquisa e ainda agradando nossos sentidos com textos singelos, singulares e belos. A sociedade moderna precisa urgentemente discutir o papel da literatura. Claro que personagens, sátiras ou imagens poéticas não são somente para entretenimento estúpido humano e, ao mesmo tempo seria ridículo cobrar resultados estatísticos e empíricos das divagações literárias.

    No limiar da Sociologia com a Literatura está a figura poderosa, titânica, quase assustadora e, com o perdão da palavra, fodona de Machado de Assis. Gostaria de ressaltar aqui não o seu já famoso brilho literário e sim o Machado cronista-jornalista (Sim, acredito que jornalistas quando fazem seu trabalho com critério, bom-senso e perspicácia fazem mais do que mera opinião, são cientistas sociais) em seu diletante oficio jornalístico Machado chegou a reflexões muitas das quais fazemos hoje. Na abolição da escravidão, Machado já afiado, conjecturava a integração e participação desses “novos” integrantes da sociedade, suas condições de habitação no Rio (processo de favelização do Rio) e até a reforma previdenciária, assusta o quanto acerta mesmo sem o olhar científico de hoje, se arriscando também em economia, criticando a já podre classe política brasileira. É mister falar da ironia machadiana, seu olhar cínico, cruelento de nossa mediocridade social e coletiva, nossas hipocrisias, nosso parasitismo, fazendo uso de um artífice literário novo, um narrador-defunto ou defunto-narrador de nome Brás Cubas, profundamente sagaz, virulento e pessimista das relações humanas, do nosso comportamento como seres racionais. Outra coisa a se destacar nos livros “Memórias Póstumas” e “Dom Casmurro”, no primeiro a crítica ao cientificismo xiita delirante de Augusto Comte (ironicamente pra nós “o pai da Sociologia”) na figura de Quincas Borba e sua filosofia e no segundo livro Machado acerta o caráter incerto de nossas afirmações na possível cornice de Bentinho das quais tornamos como certezas absolutas e não falsificáveis. Acredito que Machado de Assis tem o seu víeis acadêmico, Machado tem reflexões próximas a muitas “constatações empirícas” de hoje esbanjando criatividade para um terra tupiniquim menos idiota.
    (Saindo um pouco do tema gostaria de descer a lenha no seriado proposto ”Capitu” nos links, achei horrível a caracterização de Bentinho, o narrador na obra, fazendo-o um cara amargurado, emotivo e digno de pena, está certo que Bentinho na obra inteira é um fraco, um banana, mas os personagens machadianos não são assim, são personagens pessimistas desiludidos, frios, impetuoso e calculista, próprios da mesquinhez da crescente racionalidade específica do séc.XIX. A TV adaptou Machado para o público de novela, teatralizando-o . Enfim, “Ao vencedor, as batatas”. :P )

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  3. Putz é mesmo!...Estava Esquecendo do Strauss. O olhar do Estruturalismo de Claude Levy-Strauss, antropólogo e crítico do evolucionismo etnocentrista, em "As estruturas elementares do parentesco" começa num campo muito próximo a do Machado, a língua. O Cours de linguistique générale de Sausurre propunha que para analisar uma língua era necessária a análise do que há de comum entre todas as línguas, comum entre elementos lingüísticos. Partindo desse pressuposto a análise de Strauss é também comportamentos que se repetem em todas as sociedades, que são então causados pela estrutura, ou seja, são as estruturas culturais que orientam o nosso comportamento. Então temos a análise interessante de Strauss, o que possibilita a vida em sociedade é a distinção natureza (ímpeto, instinto) e cultura (norma), o que media essa linha, o que distingue comportamento humano do comportamento animal é a proibição do incesto, que é universal, todas as sociedades. Fica claro pra mim essa análise, Joseph Fritzel não levou outro nome, nos nossos olhos ele não era humano, era um monstro. Outra coisa, mas que escapou aos olhos de Strauss foi que nós humanos somos os únicos na face da Terra que fisiologicamente somos capazes de (opcionalmente) fazer sexo de frente, olhando um para o outro e por prazer, sexo também é um elemento que nos transforma humanos, mas que ainda é estranho na visão estruturalística nossa – chamando essa posição de Papai e Mamãe. XD
    O olhar do estruturalismo como ciência social também o olhar da literatura e até o da psicanálise analisam um submundo, uma realidade não aparente a primeira vista, mas que nos orienta e nos determina. Enquanto suas análises foram interessantes elas serão relevantes para mim, mesmo sendo hipóteses de difícil comprovação

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  4. Responder à pergunta: “ciência social ou literatura?” não pode ser uma tarefa fácil. Minha opinião particular é de que a função e tarefa dessas duas atividades não é a mesma, embora possa se tornar extremamente similar de acordo com o contexto levado em consideração e as obras em questão.
    Levi-Strauss dedicou-se, após o fim da Segunda Grande Guerra, ao estudo da antropologia e dos mitos, difundindo o estruturalismo pelo mundo todo, seu nome se tornando sinônimo dessa teoria. Seu livro em questão para análise: “As estruturas elementares do parentesco” é considerado o redespertar da sociologia francesa, há muito tida como adormecida, como se não pudesse oferecer mais nenhum contribuição à esfera sociológica. Estudar mitos, nessa época, significava ater-se ao estudo de sociedades “sem-história”, como eram consideradas as sociedades primitivas, não por ser desprezado o passado de tais agrupamentos, e sim pela falta de registros da mesma.
    Os mitos, objeto de grande interesse de Levi-Strauss, eram encarados como representações da subjetividade das tribos ou povos, de seus desejos, crenças etc, sendo, portanto, pontos importantes a serem estudados para entender a estrutura da sociedade em questão, não podem ser ignorados.
    Levi-Strauss e seu estruturalismo procurava entender a infra-estrutura inconsciente das manifestações culturais da sociedade, buscando compreender o sistema através disso, se caracterizando por buscar o conhecimento social através de uma suposta manifestação da subjetividade individual a partir dos mitos.
    A literatura, quando se propõe a exercer alguma função social analítica, e não apenas o fornecimento de entretenimento ou passagem de conhecimento, assume um papel extremamente avaliativo e expositor da sociedade e dos aspectos que o autor deseja ressaltar nela. Dom Casmurro, obra clássica e expoente do realismo brasileiro, nos fornece uma visão acertada de um panorama das relações interfamiliares, a relação da família com a igreja (pelo menos na época do livro em questão, o Império no Brasil) e, ainda por cima, uma figura subjetiva da mente de um indivíduo em meio a todas essas interações sociais.
    Podemos estabelecer uma ligação entre estruturalismo e narração através da narradologia, que é a maneira como o primeiro foi aplicado aos estudos humanísticos e literários em geral. “Usando métodos e princípios do estruturalismo, os narradologistas analisam as características e as funções sistemáticas das narrativas tentando estabelecer e isolar um jogo de regras finito para esclarecer o jogo infinito de narrativas reais e possíveis.” (fonte: http://educaterra.terra.com.br/voltaire/cultura/2002/07/05/003.htm).
    Essa obra e seus panoramas explicitados trazem clareza acerca de do que se pretende mostrar, mas não se pode esquecer que, com relação à literatura, é liberada a intervenção do escritor e uso de sua subjetividade na obra. Ele pode ser parcial, pode “transformar” fatos, ou avaliá-los à sua maneira, luxo ao qual o sociólogo não pode se dar, mesmo que isso às vezes seja inevitável devido à sua natureza humana, mas pelo menos há grande policiamento da parte do estudioso e de seus colegas de profissão para que isso não aconteça. O que o escritor tem a licença e estímulo de fazer, o sociólogo é pressionado por diversas esferas para evitar que ocorra.
    Portanto, em minha opinião, as ciências sociais continuam sendo a melhor pedida se o objetivo visado for a avaliação mais acertada e menos parcial da sociedade, sendo suas instituições e questões individuais retratadas de forma mais correta. Há diversas abordagens sociológicas que tentam unir às instituições macro e micro da sociedade, podendo ser tão eficazes numa avaliação social quanto livros, que costumam abordar apenas um desses aspectos, e ainda serem influenciados pela visão do autor, que tem total permissão para isso.

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  5. As obras literárias, como as de Machado de Assis, conseguem de diversas formas de mostrar para as pessoas certos problemas e características da sociedade. O que faz com que as pessoas pensem e analisem isso. Desse modo podemos entender as obras literárias como uma forma inteligente de chegar até a população e mostrar os problemas que precisam ser resolvidos. É claro que nem todas as obras têm esse mesmo poder, mas entre as que se propuseram a fazer isso, as melhores conseguem. Porém, algumas coisas nem mesmo essas obras conseguem fazer. Como por exemplo, teorizar sobre esses problemas sociais, analisar e tentar encontrar métodos para melhorá-los. Isso, apenas as Ciências Sociais conseguem fazer. Além de mostrar quais são os problemas (assim como as obras literárias), as Ciências Sociais teorizam, analisam e desenvolvem teorias para tentar resolver esses problemas, e é aí que elas se diferenciam das demais formas de tentar analisar os problemas sociais. Outras formas de artes também expõem os males da sociedade, mas assim como a literatura não passam muito disso. As religiões tenta expor esses problemas de modo unilateral sem grande análise e de modo que sempre concordem com o que elas mesmas já diziam antes.
    Outra diferença das Ciências Sociais para os outros meios de entender a sociedade é que essas ainda incluem em suas teorias o que foi produzido pela arte ou o que dizem as religiões ou as diferentes culturas. Isso transforma todos os outros modos de entendimento da sociedade em meios para serem usados para as ciências sociais e aí é que estas se diferenciam de qualquer outro.

    Post atrasado por motivos pessoais

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  6. Após a leitura e uma análise mais profunda e crítica de Dom Casmurro, livro de Machado de Assis, percebemos que Machado cumpre um papel importante na sua literatura. Além de claro, entreter o leitor, o livro nos remete a um contexto histórico e demonstra principalmente as relações humanas. Nesse caso, o tema afetivo é colocado em pauta. São mostradas as emoções da consolidação do casamento, a desconfiança, os ciúmes e outras tramas existentes no contexto vivido por nós, homens. De forma mais simplória, Machado acaba analisando a sociedade e os problemas sociais, buscando introduzir esses problemas através da ficção que muitas vezes é usando como ferramenta na literatura.
    Claude Levy Strauss em sua obra, “As estruturas elementares do Parentesco”, introduz outro ângulo para o lado social do ser humano. Usa o método de mergulhar nas tramas sociais e esse método é bem parecido com um trabalho de campo. Para ele, ser humano é afirmar o mundo da cultura sobre o mundo da necessidade, afinal, as características humanas são manifestações culturais. As mais antigas organizações sociais já possuíam estruturas que não são consideradas naturais, mas sim, culturais. O que acontece é que o homem criou mecanismos que destroem a diversidade cultural, principalmente após a 2º Guerra Mundial, quando ocorreu uma mesclagem de culturas e o pior disso, é que uma passou a querer prevalecer sobre a outra, impor seu domínio sobre as demais. Nesse mundo produzido pelo humano, as inovações são constantes e Strauss faz uma crítica ao capitalismo, que também colabora para a “extinção” de determinadas culturas, pois as transformações e inovações não estão levando em conta o mundo cultural, mas o que acontece é um processo desumano. Outro ponto interessante abordado pelo autor é com relação ao incesto. Na verdade o incesto nada mais é do que a prevalência das regras culturais contra as regras naturais; é quando o homem quebra o seu instinto natural.
    Para concluir, a meu ver, a literatura é uma forma mais acessível à população, mas trata os problemas sociais e culturais com menos complexidade do que a ciência social, que estuda a sociedade em partes mínimas, buscando e propondo soluções e métodos para essa tão desejada compreensão.

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  7. Esqueci de falar...
    Postei atrasado, pois tive problemas pessoais.

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  8. Ciências Sociais ou Literatura?
    Nos dois âmbitos podemos facilmente encontrar defesas e ataques às duas formas. Porém definirei minha posição antes mesmo de começar a defendê-la: Literatura.
    Agora iremos ao porquê desta escolha.
    Um dos motivos que faço a defesa da Literatura é por uma questão histórica. A literatura que está presente há milhares de anos na nossa cultura, claramente não da forma que a conhecemos hoje, porém podemos atribuí-la um caráter contestador logo no primeiro período estudado no ensino médio, o Classicismo, que ocorreu no século XVI.
    Com Gil Vicente, as peças de teatro sofreram uma revolução atraindo o público leigo para as praças. Estas peças com abrangências muito superiores às suas antecessoras, possuiam muitas críticas aos personagens das instituições e da sociedade em si. Sendo assim, as massas entendiam o que acontecia “por debaixo dos panos” das elites, como corrupção dos corregedores, o envolvimento de padres com prostitutas, a usura dos agiotas, etc.
    Na fase seguinte, o período Barroco, temos os discursos a favor dos direitos humanos indígenas e contra a escravidão, além dos sermões morais, escritos por Padre Antônio Vieira. Outro autor barroco relevante à respeito de problemas sociais é Gregório de Matos Guerra. O “Boca do Inferno” criticou a igreja, padres, freiras e governantes buscando abrir os olhos da sociedade da época do século XVII.
    No neoclassicismo, já no século XVIII, o envolvimento de autores com os acontecimentos sociais tem grande destaque, afinal, Cláudio Manoel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga estavam envolvidos ativamente na Inconfidência Mineira, que buscavam acabar com a derrama e o domínio português em Minas Gerais.
    Ainda no século XVIII, temos o romantismo, que apesar do foco no sentimentalismo, o “eu” tendo grande importância, temos a exaltação do nacionalismo, que no contexto do século XVIII não era valorizado, o que era melhor sempre vinha de fora, tudo que era brasileiro não prestava, então um dos pontos importantes e que geraram impactos na sociedade da época romântica foi dar mais valor ao país, além de um vocabulário mais brasileiro nas composições.

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  9. A Sociologia, termo criado por Comte em 1838, só vem surgir no século XIX. Tudo visto anteriormente na Literatura, pode até ser considerado influente, de uma forma direta ou não, desta análise social. Afinal, muito antes do surgimento do termo Sociologia, ciência esta que só foi se desenvolver realmente pouco mais tarde, a Literatura já chamava atenção aos problemas sociais de distintas épocas e tinha uma boa abrangência da população.
    Agora chegamos a Machado de Assis, o Realismo. O realismo é totalmente baseado na sociedade da época e utiliza a observação como meio de demonstrar para as pessoas as atitudes sociais delas próprias. O livro “Memórias Póstumas de Brás Cubas” introduz o realismo no Brasil e este livro caminha entre diversas questões sociais da época, como a escravidão, as classes sociais, o cientificismo e o positivismo, utilizando seu pessimismo e ironia para criticar este contexto social todo. Então Machado de Assis, já em Quincas Borba, faz sátiras por exemplo ao positivismo de Comte e de muitos militares aqui no Brasil que defendiam este método de busca constante pela ciência.
    Paremos aqui na história da literatura. Podemos notar que neste período entre 3-4 séculos, a literatura sempre esteve envolvida com o contexto social, antes mesmo da sociologia surgir. Por mais que os autores literários no último período retratado possam ter sidos influenciados por idéias de cientistas sociais de sua época, acredito que o mesmo possa ter ocorrido anteriormente. Só para contextualizar historicamente, até o realismo ser implantado no Brasil, tendo seu início em 1881, Émile Durkheim ainda demoraria 14 anos até a publicação de “Regras do Método Sociológico”.
    A sociologia sempre buscou os contextos, as ações, os problemas sociais e ainda buscar soluções, explicações para todo este âmbito social. Neste caráter, a ciência social realmente é superior à Literatura, porém a meio literário também levou este âmbito social à tona, mesmo que poucas vezes tenha buscado resolver seus problemas.
    Por fim, ainda sustento que a Literatura tem algo que a Sociologia do método tradicional, pelo menos até os dias de hoje, não tem: o alcance das massas. A Literatura pode ser transmitida através dos tradicionais livros, de peças de teatro, especiais de TV, minisséries, filmes, livros ilustrados, gibis, etc.. Sendo assim, o cidadão comum tem muito mais acesso às obras literárias, à forma que a literatura expõe as questões de âmbito social do que a própria ciência social.

    OBS: Post atrasado devido ao grande números de avaliações do quadrimestre
    Grato, Marcus.

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  10. A literatura é a ficção que busca se aproximar da realidade, em meio à história fictícia são colocados elementos identificáveis de fatos sociais, tanto na esfera coletiva quanto na individual, e é isto que lhe garante uma certa credibilidade para com os leitores de uma bela obra literária.

    Já a ciência social, não pretende contar uma história fictícia, mas sim buscar no estudo da sociedade, formas de entender sua dinâmica para a resolução de seus problemas.

    Portanto, apesar de a literatura ser uma forma acessível de se transmitir conhecimentos sobre as relações sociais, é a ciência social que busca compreender a sociedade de forma mais ampla, das pequenas relações às grandes questões enfrentadas por uma sociedade.

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  11. Ciência social ou Literatura?

    Tanto as ciências sociais quanto a literatura possuem processos de expressão com características próprias e que são estimadas quando interagem com novas formas de análise de alguns aspectos históricos. Alguns fatores levam alguns cientistas sociais buscarem nos textos literários um princípio para a interpretação e percepção de fenômenos relacionados à prática social. E ainda que a exposição destes dois âmbitos não seja uma tarefa tão simples, cabe afirmar que durante a trajetória das ciências sociais freqüentemente havia a expectativa de estabelecer a conexão entre esses dois campos do saber (o universo social e o literário), isto porque a literatura oferece instrumentos para o aperfeiçoamento do entendimento da cultura de uma determinada sociedade.

    Diante disso é importante lembrar que até o final do século XVIII as formas de produção literária não eram tão distintas e separadas das idéias sociais da ciência, contudo, a partir do século XIX, acaba acontecendo uma disputa entre esses dois modelos de atribuição ao conhecimento da sociedade moderna, em que a sociologia procurava adaptar-se de uma maneira inovadora, distanciando-se da literatura. Este cenário despertou em certos autores o espírito crítico para a cientificidade, que era evidenciado em suas obras.

    Neste contexto, dentre todas as escolas literárias, é conveniente afirmar que o Romantismo obteve uma participação significativa, pois os escritores românticos manifestavam em seus livros as questões sociais, políticas e morais, tentando demonstrar os aspectos individualistas do comportamento do homem em sociedade. Posso afirmar então que o movimento romântico passou a enfatizar a importância de se conquistar uma interpretação generalista das atividades sociais como uma condição essencial para a melhor compreensão dos mecanismos cotidianos do homem.

    Claude Levy Strauss em sua obra “As Estruturas Elementares do Parentesco” retrata a situação do homem e sua dimensão social, em que o parentesco é entendido como uma sucessão de normas que cobram alianças e filiações entre a população. O estruturalismo do antropólogo propõe que as sociedades tendem a se comportar da mesma maneira por conta de uma estrutura cultural. Um ponto interessante é o fato de Strauss dizer que os procedimentos que tornam possível a vida em sociedade e que nos diferenciam da comunidade animal é a diferença com que tratamos os aspectos naturais e culturais. Como um exemplo o autor trata da questão do incesto, um fenômeno universal, enfocando que tal proibição não se relaciona a elementos biológicos e sim a fatores socialmente inconcebíveis. Em um trecho Levy Strauss evidencia sua posição sobre o assunto: “Nada existe na irmã, na mãe, nem na filha que as desqualifique enquanto tais. O incesto é socialmente absurdo antes de ser moralmente condenável”.

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  12. Continuação...

    O pensamento estruturalista de Strauss, de que a situação é razão da visão social se aproxima da idéia de Machado de Assis em sua obra Dom Casmurro que parece conhecer bem os elementos sociais em que a história de Bentinho se passava. Dentro de uma perspectiva machadiana é possível considerar o lado ficcional como a realidade e confrontando a visão idealizada de amor, esta obra mostra o lado incerto do casamento e da vida.

    Como sugestão para aprofundar a visão de Machado de Assis sobre o papel da ciência e da literatura, recomendo a leitura da obra “O Alienista”, que faz parte da coletânea “Papéis Avulsos”. Nesta obra é retratada a crítica ao cientificismo e uma reflexão sobre o valor verdade dos textos literários.

    Para finalizar acredito que a ciência social apresenta análises científicas que por mais abrangentes que sejam não conseguem obter a compatibilidade que é exigida pela literatura. Os cientistas sociais usam uma linguagem que não é tão acessível quanto o conteúdo exibido no conhecimento literário, que por sua vez visa simplificar, isto é, passar uma mensagem clara. Além disso, a literatura cativa o leitor e o conduz para o entendimento científico que dessa forma parece ser compreendido com maior facilidade.

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  13. A partir da análise do livro e do material fornecido , junto com as outras postagens pude avaliar que a resposta para: “Ciência Social ou Literatura?” , seria que apesar de a literatura muitas vezes possuir um grande embasamento cientifico e até mesmo um prolongado estudo de “campo”, como o qual foi realizado para a criação da obra “O Cortiço”, a literatura trata de histórias fictícias , que por mais que facilitem o compreendi mento do assunto ao público , não é a forma mais adequada , já que seus objetivos são diferentes dos da Ciência Social , que visam a busca do conhescimento e as soluções para os problemas sociais. Assim concluo que a melhor é a Ciência Social, apesar de que a literatura ajuda muito a popularização desta e um pouco de compreendi mento desta pelos leitores.

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  14. Claude Lévi criou um método integrando análise estrutural e apoio da psicanalítica, para explicar os mitos, achar os princípios de pensamento ou elucidar o funcionamento social. Em 'As Estruturas Elementares do Parentesco', o autor avalia a proibição do incesto como meio de caráter prático de assegurar a comunicação e o interação das mulheres entre os grupos, e vê nisso o discernimento de acesso da natureza à cultura.
    Entre a Ciencias Sociais e a Literatura eu prefiro a Literatura, porque a Literatura consegue transmitir um mundo fantasioso atrasves da realidade, ou seja, dentro da literaturo, desse mundo fantasioso, problemas da realidade são retratados.

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  15. A literatura trabalha com a ficção, no romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, é dominantemente um romance intimista, interiorizado ou introspectivo. Trata-se de uma narrativa que desloca o interesse do cenário e da ação exterior para o intimo dos personagens.
    Não é à toa que boa parte de sua fábula se constitui de impressões e suposições de Bentinho. Sendo um romance muito mais preocupado com o modo de ser das pessoas do que com o que possam fazer.
    Mesmo tendo toda esta analise das atitudes e situações vividas pelos personagens, o livro não traz nenhuma maneira de compreender como algumas relações problemáticas entre personagens podem ser resolvidas.
    A ciência social mesmo não sendo capaz de penetrar no submundo das relações pessoais como a literatura de Machado de Assis consegue, ela busca soluções para os problemas sociais não apenas expô-los.
    Mesmo a literatura sendo difundida na sociedade de maneira mais rápida, graças aos meios de comunicação em grande parte, se tornando um conhecimento mais acessível, ela falha ao não buscar soluções, apenas mostrando os problemas sociais.

    Obs.: Peço desculpa por fazer o meu comentário agora, mas as últimas semanas de aulas, provas, trabalhos, acabaram por ocupar bastante do meu tempo.

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  16. Escolher entre ciência social e literatura, não é uma tarefa facilmente realizável. Ambos os campos tratam de um mesmo assunto, as relações sociais, o comportamento social e são eficientes no que fazem, entretanto, cada uma obedece a um propósito diferente, são destinados a diferentes partes da sociedade e daí provém a dificuldade de escolher uma delas como mais eficiente.
    No exemplo apresentado, do livro de Dom Casmurro, de Machado de Assis, as relações sociais são profundamente tratadas, o autor se esmera em detalhes, dá atenção a gestos mínimos, para compor os comportamentos das personagens que deseja apresentar. Não se pode dizer que sua análise é superficial ou falha, o autor capta com maestria os sentimentos e suas conseqüências em cada aspecto da vida de todos os personagens envolvidos.
    Seguindo os temas propostos, como exemplo de cientista social, nos é apresentado Levy Strauss, que defende uma teoria da organização humana, falando sobre o sistema de precedência. Tais idéias são construídas de modo a afirmar que a estrutura social humana não é natural, mas cultural, ou seja, não estamos condicionados, a partir do nascimento, a adotar uma conjuntura hierárquica estrutural que determine a sociedade, mas a adotamos assim mesmo, por causa dos costumes culturais. Nesse contexto, o homem é visto como algo não natural, algo que possui a capacidade de alterar as ordens naturais, trazendo algo novo ao mundo concreto.
    O autor ainda fala que cada indivíduo é uma manifestação cultural e, nesse âmbito, as diferenças culturais tem sido suprimidas por advento do capitalismo, da globalização e da consequente homogeneização em massa das populações. Para Strauss, homogeneizar é tornar o mundo “desumano”.
    Tendo conhecimento disso, volto à questão da ciência social x literatura. Ambas analisam as relações sociais, mas acabam por não realizar uma análise completamente efetiva, são provisórias, não são conclusivas. Ambas adicionam muito ao conhecimento das relações, mas não as compreendem por completo.

    Professor, desculpe o atraso, mas tive problemas com a administração do tempo nesse fim de quadrimestre!

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  17. Em sua teoria Strauss mostra uma nova visão das relações de parentescos humanas , ele os afasta do âmbito social e entra em uma discussão que analisa termos culturais. O autor separa as realaçoes em Natureza e Cultura , sendo a primeira tudo que é universal no homem , e a segunda tudo que se constrói como uma regra , sendo incesto o único que usa de regras Universais e culturais. Em sua teoria da aliança ele analisa a construção da família no mundo moderno.
    Já Dom Casmurro nos mostra segundo a visão de Bentinho , suas relações com a sociedade, com todas as suas regaras sociais .
    A literatura permite que as pessoas tenham um melhor acesso a informação. Ao apresentar a ideia através de um texto literário é comum que se utilizem de uma linguagem mais simples que consiga abranger o maior número de pessoas , e comparativamente a ciências sociais a literatura consegue atingir muito mais pessoas , mas por mais que em diferentes escolas literárias ela se preocupe em escrever sobre problemas sociais que estejam presentes na sociedade , ela apenas joga os fatos para as pessoas, na maioria das vezes não solucionando o problema.
    E a solução desse problema esta nos estudos das ciências sociais. Por meio de livros que estudam a fundo a sociedade e os fatos sociais. Ou seja a literatura e as ciências sociais estudam de certa forma os mesmo assuntos , mas elas analisam faces diferentes dessa mesma temática. Sendo a literatura algo mais acessível ela acaba analisando algo mais simples que tenha facilidade de atingir seu publico , enquanto as ciências sociais se aprofundam mais nos assuntos estudados .

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  18. Talvez exista uma parte esnobe da ciência que faça com que os não tão leigos em ciências sócias, diante da pergunta “Ciência Social ou Literatura?” queiram imediatamente responder: Ciência Social.
    Strauss se dedica a entender a proibição do incesto na sociedade, para poder entender como um fenômeno cultural pode existir em distintas sociedades. A ciência social tem como um dos principais papéis distinguir o natural e o cultural, a regra. Levy-Strauss faz essa construção buscando entendimento de padrões de comportamento e mesmo de bases biológicas, como um cientista social.
    A obra de Machado de Assis, Dom Casmurro, é um clássico, escrito por um gênio da literatura, mas isso é óbvio e é desnecessário reafirmar tais observações. Ao contrastarmos aos estudos sociais devemos considerar sua forma de análise das relações existentes, se essas são retratadas, colocando em oposição ao estudos científicos.
    Mais que uma caracterização de personagens típicos, há na obra uma construção das relações sociais, fazendo com que a ficção beire a realidade, e possa então ser alvo de análise ou ainda ser a mais pura análise através de uma história, se é possível me entender.
    Essa literatura retratante é mais acessível do que uma ciência tal como a de Strauss, mas não podemos considerar essa difusão como grande qualidade, já que ela não é vista como estritamente necessária ao âmbito científico. Podemos ainda questioná-la quanto a veracidade e a influência de um autor literário, que não precisa estar comprometido a verdade, tal como pressupõe a elaboração de um estudo científico, ainda que mesmo esse não possa ser considerado livre de influências, mas esse é um outro assunto...

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  19. A questão "Ciência Social ou Literatura?" pode ser respondida de duas formas, ambas complicadas. A primeira, na questão de decidir se certa obra é considerada uma obra literária ou científica, o que se pode observar pelo método utilizado (apesar de certos pensadores escreverem de forma quase literária, como Galileu Galilei em "Diálogo sobre os dois máximos sistemas do mundo ptolomaico e copernicano" ou Nietzsche). A segunda, que acredito ser a questão em questão, a escolha de um dos dois, ciência social ou literatura.
    Os escritos literários são extremamente importantes na resolução de problemas sociais, e na representação da sociedade. Obras como Capitães da Areia, Dom Casmurro e 1984, representam (mesmo que de forma pouco fiel) relações sociais. Encontram vantagem na "ficção" - com uma gama muito maior de possibilidades, a exploração dos problemas sociais de torna mais possível, compreensível e também acessível. Não existe narrativa, poema ou lira que não se baseia num contexto social - mesmo que seja um de escape, ou de negação. A forma de representação é que me faz crer numa positividade muito grande da literatura, o texto literário tem um alcance muito maior em relação as camadas menos acadêmicas, democratizando a informação, o que acontece pouco com os textos científicos. Esse grande alcance é também observado nas artes, como música e cinema. E por acreditar na importância de uma participação numerosa para a construção de um mundo melhor, acredito na possibilidade da ciência utilizar as artes e a literatura; não como forma única de publicação, mas como instrumento para divulgação e popularização.

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  20. Claude Lévi-Strauss, no período imediato à II Guerra Mundial, desenvolveu seu trabalho e dissiminou suas idéias sobre a antropologia estrutural: um método de tentar entender a história de sociedades que não a têm, como no caso das sociedades primitivas. Há quatro procedimentos básicos do estruturalismo: examinar as infra-estruturas inconscientes dos fenômenos culturais; considerar os elementos da infra-estrutura como "relacionados," não como entidades independentes; procurar entender a coerência do sistema e propor a contabilidade geral das leis para os testes padrões fundamentais no sentido da organização dos fenômenos.
    Nos estudos humanísticos e literários em geral, o estruturalismo foi aplicado o mais no campo da "narradologia", que estuda todas as narrativas, se elas ou não usam a língua, os mitos, as lendas, as novelas, a circulação das notícias, histórias, os estudos de casos psicológicos, etc...
    O estruturalismo diminui a importância do que é singular, subjetivo, individual, retratando o ser como resultante de uma construção, a conseqüência de sistemas impessoais. Na antropologia estrutural, as relações de parentesco são determinadas pelo totemismo (poderoso instrumento simbólico do clã para reger o sistema de parentesco, regulando os matrimônios com a intenção de preservar o tabu do incesto, por exemplo).
    Os indivíduos, portanto, não produzem nem controlam os códigos e as convenções que regem e envolvem a existência social deles.
    "A Literatura, como toda arte, é uma transfiguração do real, é a realidade recriada através do espírito do artista e retransmitida através da língua para as formas, que são os gêneros, e com os quais ela toma corpo e nova realidade. " (Afrânio Coutinho, Notas de teoria literária)
    Apesar de sua notável importância já estabelecida na nossa sociedade, e do seu olhar clínico sobre diversos assuntos, suas narrativas denunciantes, análise da sociedade dentro de um enredo - fictício ou não - a literatura não se assemelha às ciências sociais. A discussão de problemas sociais e busca de possível soluções, a preocupação de estabeler leis que regem a realidade social não se encontra nas características da mesma. Não descarto aqui, seu prestígio, por mim também admirada, apenas não acho cabível uma comparação, muito menos uma escolha, sendo que o objetivo das duas entre questão se diferem.

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  21. Literatura.
    Talvez minha resposta seja totalmente influenciada por meu próprio gosto. Fazendo com que eu não consiga analisar a questão de maneira neutra. Mas não me envergonho disso.
    A literatura, assim como a música e a cultura em geral, é fascinante. Através de uma linguagem muito mais simples e um grau de acessibilidade muito mais elevado, ela consegue ficar ao alcance de toda a população. E por mais que não procure resolver e analisar diretamente os problemas sociais da sociedade, ela acaba fazendo isso de uma maneira sutil e extremamente eficaz.
    Claro que não podemos negar a Ciência Social, afinal, todos os grandes autores da sociologia estudaram durante muitos anos para poderem publicar suas obras com analises tão profundas e magníficas da sociedade. Porém, por serem tão profundas acredito que se tornam muito complexas o que as afasta da sociedade.
    O que nos leva a crer em maior importância a literatura e a cultura e um menosprezo a sociologia. Isso é um equivoco. Apesar de não chegar explicitamente ao público comum, a ciência social está presente. Pois ela dá uma sustentação para a cultura, a influenciando.
    Então, fico com a literatura. Mas sabendo que por trás há uma opinião cientifica sobre os problemas que estão a ser tratados.

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  22. Todos os colegas até o momento utilizaram de linguagem argumentativo-científica para exporem seu ponto de vista sobre quem seria superior “Ciência social ou literatura?”
    Decidi, então, transferir tal explicação para o âmbito literário a fim de deixar um pouco mais democrático esse debate.
    Sei que será um pouco indigesto e de difícil compreensão para os nobres colegas cientistas entenderem e compreenderem tudo que será exposto aqui, mas já fica a sugestão de que o contrário também acontece, afinal, a ciência social ou a literatura são apenas formas de linguagem dentre tantas outras que nesse mundo existem. Sem mais delongas, senta, que lá vem história:

    Era uma vez, um mundo onde os conhecimentos humanos andavam e se comunicavam como pessoas comuns. A Ciência Social, com toda sua racionalidade e prestígio entre a classe dos pesquisadores e ditos intelectuais, ostentava de status e glamour, principalmente, entre os mais ricos.

    Nascido em berço de ouro, assim como a Ciência Social, a Srta. Literatura era rebelde, não se adequava as regras que por tanto tempo seguiu e decidiu tomar novos rumos, conhecer novas pessoas, culturas. A Srta. Literatura, que ora seguia a racionalidade e ora não, passou a gozar de extrema popularidade por todo o mundo. Mesmo muitas vezes, falando palavrões e pronunciando falácias.

    A Ciência Social, sempre toda certinha, se sentia incomodada com o sucesso, que considerava injusto, da rebelde compatriota Literatura. Até decidiu conhecer um pouco da grande massa, formular suas teorias para outros povos, mais pobres. Mas o sucesso alcançado por essa última não foi igual.

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  23. A Ciência Social, furiosa, decide apelar para o Supremo Tribunal do Conhecimento afim de com a sua vitória em júri, mostrar ao mundo quem era realmente superior.

    No dia do julgamento, Ciência Social e Literatura, frente a frente, e milhões de pessoas ao redor do mundo apreensivas.

    A Ciência Social com seus advogados de defesa apresenta seus argumentos e teorias de grandes sociólogos/filósofos/cientistas/intelectuais como Marx, Durkheim, Levy Strauss, Weber.

    Assim, como todo julgamento justo que se preze, a Literatura pode se defender. Preferiu ficar calada. Ou melhor, apenas bocejou e perguntou se poderia responder com uma poesia. Não deixaram, claro.

    Argumentos expostos, o juiz declara a Ciência Social superior. A Literatura, que a essa hora, já estava dormindo, acorda e vai embora do julgamento que fora obrigada a participar. Saiu e foi se divertir com as pessoas, descrevendo suas emoções e relações pessoais com maestria.

    A Ciência Social, mesmo vencendo o julgamento, continuou reconhecida apenas entre os que já a reconheciam superior: os cientistas. Os outros 90% do mundo não menosprezavam nem uma, nem outra, pois ambas possuem seu papel, cada uma a seu jeito. E é exatamente por isso que a Literatura, que nunca se prendeu a regras da ABNT, trocou o mundo da racionalidade e verdade absoluta pelo mundo da liberdade e imaginação sendo que, muitas vezes, ela transita por todas as áreas: racionalidade, verdade, imaginação, ricos, pobres.

    E o que aconteceu a nossa amiga Ciência Social? Hoje, ainda ela tenta meios de convencer os demais de quem é superior...

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  24. Tanto as Ciências Sociais com a Literatura tem seus pontos positivos e negativos, por isso escolher apenas uma forma de expressão da sociedade é algo complexo de ser realizado. Todavia considero a ciência social uma abordagem superior a da literatura por se aprofundar mais nos aspectos do comportamento dos indivíduos no ambiente social, enquanto a literatura utiliza-se desta análise para formar alegorias do comportamento social.

    Muitos escritores do Realismo assim como Machado de Assis buscavam então desocultar os costumes julgados como errôneos e mesmo assim cometidos por aqueles que se julgavam éticos. O Realismo busca como o próprio nome diz a realidade dos fatos mesmo que não agradáveis, enquanto o Romantismo busca uma essência incorruptível não existente no ser humano.

    Muitas destas obras realistas criticam o caráter cientificista das ciências onde estas julgam-se detentoras de uma verdade absoluta acima de todas as outras coisas, quando na realidade não dão conta de abranger todos os problemas sociais por serem eles muito dinâmicos, sendo portanto como querer conter água nas mãos. O papel do cientista social e estudar e trabalhar na produção de teorias que deem conta de conter todos os aspectos da sociedade e relaciona-los de forma a compreender os mecanismos que movem a sociedade.

    Para finalizar posso dizer que considero que as ciências sociais, quando interpretam as motivações do homem, são superiores na análise da sociedade quando comparadas com a literatura que é uma mera ferramenta de popularização que é claro não pode ser menosprezada, mas não fornece uma análise real e sim metafórica da realidade.

    Obs: Post fora do prazo devido ao excesso de atividades no fim do quadrimestre. Espero que compreenda. Desde já sou-lhe muito grata!

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  25. As ações humanas são condicionadas por quais motivações? Biológicas? Socioculturais? Ambas? Quando há a separação? Existe tal separação? Tais indagações estão presentes no cotidiano e já foram tratadas por vários campos de estudo. Talvez essas questões sejam umas das tarefas mais difíceis de resolver no campo das ciências socias, pois como delimitar a distinção - se existente - entre estado de natureza e estado de sociedade, essas posições se dão no sentido de que o homem possui seu lado como individuo social, mas também possui o seu ser biológico. É evidente, portanto que suas ações hora são trilhadas a base de sua natureza, outras de sua posição social, porém há vezes que torna-se difícil a distinção de qual “lado” do individuo é usado em determinados momentos, exemplo nas situações que o mesmo é exposto a situações que envolvam o medo, vale ressaltar e que na grande maioria as ações integram esses dois aspectos, biológico e sociocultural.
    Então que campo é o mais adequado para interpretá-lo? Em minha opinião as ciências socias cumpririam melhor esse papel tão difícil. Não que eu esteja afirmando que a Literatura não trate desse assunto com propriedade e qualidade, mais a abordagem é diferente, pois a literatura é a área da ficção, por mais que retrate de forma tão brilhante as relações sociais, sentimentais, enfim a realidade como exemplo na obra “Dom Casmurro” em que Machado de Assis faz um mergulho na alma humana expondo um dos sentimentos que mais é capaz de direcionar nossas ações, o ciúme, claro munido de algumas companheiras como a insegurança, a desconfiança. A obra mostra o quanto os aspectos sociais de um indivíduo podem ser influenciados pelo seu lado de natureza, biológico, seu lado subjetivo que por vezes o controla de tal maneira que este passa a cegar seu ”hospedeiro” e o manipular conforme suas certezas, que na maioria das vezes não passa de insegurança e criações de suas imaginações férteis. Mesmo sendo tão fiel a realidade a literatura seria uma forma mais de transmitir o que acontece com as relações socias dos indivíduos do que realmente explicá-lo ou até mesmo decifrá-lo, tarefa essa como dita anteriormente mais adequada às ciências sociais. Entretanto até para um cientista social munido de uma racionalidade investigativa e experimentos é complicado e talvez pouco provável que consiga desvendar em que momentos somos apenas o ser biológico e em que apenas o lado cultural e social, ele acabaria caindo em um círculo vicioso. Acredito que essa separação não exista, pois é evidente que agimos por vezes mais racionalmente as vezes mais emocionalmente porém somos animais racionais que possuem dois lados aparentemente opostos, subjetivo e objetivo, mais que se convivem e controlam nossas ações em conjunto.
    Profº desculpe pela demora na postagem, esse quadrimestre foi complicado!

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